Obras - Levada do Norte

 A todos os caminheiros e não só...,

Terá sido lançado hoje, 21/02/2017, o concurso público para a obra de construção do túnel hidráulico entre a Ribeira da Ameixieira e a Eira do Mourão, estimada em 14 milhões de Euros. Esta obra pretende reduzir as perdas de água da Levada do Norte, aumentando a sua fiabilidade e segurança. De acordo com o referido na comunicação social, esta obra permitirá também "desactivar o trecho mais crítico da levada". Com um apoio europeu de 85 porcento, a construção do túnel, será certamente uma mais valia para os regantes da Levada do Norte.


No entanto, esta obra ditará o abandono de um dos mais belos e imponentes troços das levadas da Madeira, bem representativo das dificuldades da sua implementação. Para a história, fica uma rara reportagem fotográfica, da autoria da Foto Perestrello, que visitou e retratou a construção da Levada do Norte. Note-se que, a maioria das fotografias foram obtidas no ramal de levada que será desactivado.

Este troço, juntar-se-á a outro já abandonado, entre a Serra de Água e a Ribeira da Ameixieira. A Levada do Norte ou Levada de Ribeira Brava – Câmara de Lobos, construída entre 1947 e 1952, foi considerada a maior obra realizada na Madeira até então. Com 51.245 metros de canal principal, supria as necessidades de regadio de 1.400 hectares de terrenos de cultivo e garantia no processo a alimentação do aproveitamento hidroeléctrico na Central da Serra de Água. Foi fruto de muito trabalho, suor e sangue do povo madeirense.

A grande inclinação das escarpas em que foi construída não pode ser o pretexto para a sua condenação. A generalização deste raciocínio às Levadas da Madeira não é recomendável, uma vez que seriam muito poucas e desinteressantes as que sobrassem.
Poderá ser estrategicamente preferível a construção do túnel, mas é inegável a importância destes monumentos, que se pretende que sejam Património Mundial da UNESCO. É fundamental conservá-los.


Isenta do transporte de água, a levada apresenta uma largura entre a parede interior da caixa e a extremidade da esplanada, mais que suficiente para, pelo menos, mantê-la como percurso pedonal. As reparações necessárias e colocação de vandarins nos troços mais críticos, numa extensão global de 5 quilómetros, terão uma exigência financeira muito inferior ao custo total da obra.

Devidamente beneficiada em termos de segurança e em condições meteorológicas normais, este ramal da Levada do Norte terá a mesma perigosidade que a Levada do Caldeirão Verde, cuja construção também assentou em escarpas de grande inclinação...

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Atentamente,
Caminheiros Anónimos da Madeira.
21/02/2017

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